Ela não era mais do que uma luz ténue para lá de todas as constelações.
Ela estava longe.
Ele estava só.

Ela era apenas um grão de poeira cósmica na distância das constelações que a coroavam.
A distância doía-lhe. Mais do que os milhares de quilómetros, doía-lhe a ausência de um olhar, o apenas inventar de um sorriso, a imensa vontade de lhe criar um rosto. Acariciava-lhe os cabelos sem que os seus dedos sequer os pudessem imaginar; os seus beijos não eram mais do que meras vontades; gestos vazios, sem corpo, nem sequer uma imagem. E as forças que vêm do corpo, as ondas de paixão que emanam do desejo, essas morriam ao nascer, como vagas de um mar de verão, quando a estranha paz do oceano as aquieta.
Tudo era distância, ou uma espécie de nada. Sem rostos, pele nem sentidos, restava o vazio.
No entanto, era nesse vazio, no fundo desse poço onde nem a luz ousava entrar que ele encontrava uma espécie de paz. Tudo era um imenso nada que o fazia sorrir. A saudade de um futuro nem sequer sonhado era suficiente para que ele respirasse fundo e sentisse algo de inexplicável a que ele ousava chamar felicidade.
Lá fora, o mundo era material, físico, palpável. Lá dentro, no fundo da sua alma, o vazio e a escuridão envolviam o templo que guardava tudo o que era ela.

Tudo o que tu és, meu amor…
És o meu amor no templo da minha escuridão.
A Senhora dos meus sonhos.
E sou, afinal, um homem feliz.



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